Quer Aprender o Alfabeto Fonético?
Você já deve ter ouvido – em um filme, em uma agência de viagens ou em um aeroporto – pessoas soletrando informações usando um “alfabeto estranho”. Elas pronunciam palavras inteiras mas querem dizer outras coisas e não as que estão sendo ditas…
Confuso? Misterioso? Coisa de espião? Parece, mas é bem mais simples que isso e visa evitar erros. Entenda como acontece e aprenda o Alfabeto Fonético.
Conversando com alguns passageiros dias atrás, percebi que as pessoas tem bastante curiosidade sobre termos, detalhes técnicos que usamos cotidianamente em nossa profissão. Pensando nisso, decidi criar uma série de “dicas”, ou instruções, sobre detalhes do Turismo.
Um deles, o que mais chama atenção dos passageiros quando estão nos vendo trabalhar ao telefone é sem dúvida o alfabeto fonético. Por este motivo, começo esta série de artigos sobre dicas da área de Turismo contando um pouco sobre o que é o alfabeto e a finalidade dele dentro de nosso trabalho.
É claro que existem inúmeras outras funções para ele, que abrangem usos militares e até médicos porém, vou neste post focar no uso dentro do Turismo, a forma como grande parte das pessoas tomou contato pela primeira vez com ele.
Aprender o alfabeto fonético é também uma necessidade para quem pensa em trabalhar com aviação, aeroportos ou com Turismo e Agenciamento. É uma das primeiras coisas que se aprende nestas áreas e é uma pérola que usamos cotidianamente, nos ajudando a evitar erros em passagens, números de voos e nomes de cidades.
E como ele é usado?
Imaginem um passageiro chamado JOSÉ MENDES ( leia em voz alta o nome dele ). Este passageiro viaja para a Europa em um voo onde temos mais um passageiro chamado JOSÉ MENDEZ ( leia novamente em voz alta ). Percebe que não há diferença na forma como se pronunciam estes nomes? Dizemos que “não há diferença fonética” entre eles.
Eles tem idades diferentes, moram em cidades diferentes e tem números de passaportes diferentes. Tudo certo. Porém, eles estarão no mesmo voo e o Sr MENDEZ ( com Z ) tem total intolerância a Glúten. Se ele provar qualquer alimento com glúten poderá entrar em colapso durante o voo.
Mas e o que a intolerância a glúten teria a ver com o alfabeto fonético e os nomes dos passageiros?
Simples: dentro das instruções de reserva recebidas pelos comissários para o voo não aparecem outros dados que não os nomes dos passageiros, seus números de assento e as vezes número do bilhete.
Nestas informações seguem as necessidades especiais que foram solicitadas pelo agente de viagens, neste exemplo, o aviso da intolerância do passageiro e a solicitação de comida livre de glúten.
Sendo assim, se na reserva do Sr MENDEZ não ficar bem especificado seu nome correto, pode ser que mandem a sua refeição dentro do voo para o Sr MENDES e… imaginem o desastre!
Este é um dos detalhes que exige o uso do alfabeto fonético no cotidiano do Turismo, existem dezenas de outros ainda. Como por exemplo:
- soletrar nomes de passageiros via fone para um recepcionista de hotel estrangeiro
- soletrar códigos de reserva ( os chamados “localizadores” de reserva ) para um atendente de companhia aérea
- soletrar nomes de passageiros para inserção de serviços de necessidades especiais ( caso da refeição sem glúten ) para a companhia aérea
- soletrar os dados de uma aeronave e voo para o serviço de busca de bagagens, quando o passageiro perde a mala e o agente o está ajudando
E mais outras tantas aplicações que me fogem no momento mas que garantem que estejamos sempre falando do mesmo assunto, sobre a mesma pessoa, para nosso interlocutor.
Vale saber:
O alfabeto fonético não é uma instituição brasileira. Ele foi criado em 1883 por um linguista francês chamado Paul Passy, que observava a dificuldade de comunicação entre pessoas de mesmo idioma porém com sotaques diferentes. E sua ideia mostrou-se mais eficiente ainda para pessoas de idiomas distintos.
Dentro do Brasil, com a diversidade de sotaques e dialetos que temos, o alfabeto fonético é indispensável quando precisamos conversar com alguém do Turismo que reside em outras regiões.
A maneira distinta como cada brasileiro pronuncia as mesmas palavras faz com que tenhamos que usar o alfabeto fonético em determinadas situações aqui dentro, exatamente como o Dr Passy previu que aconteceria com todos os povos ao longo da evolução de sua língua materna.
E aí, o nosso amado alfabeto fonético resolve tudo e o Sr. MENDEZ chega a seu destino são e salvo, e bem alimentado!
Na prática, como ele funciona?
- Usa-se soletrar cada letra usando o alfabeto fonético, simples assim. Veja o exemplo:
MENDEZ se transforma em: MIKE ECO NOVEMBER DELTA ECO ZULU
e MENDES se transforma em: MIKE ECO NOVEMBER DELTA ECO SIERRA
A diferença entre os dois nomes agora ficou bem clara, não concorda?
- Quando falamos de uma aeronave, por exemplo, um avião pequeno de sigla PT – 524 dizemos:
“A aeronave PAPA TANGO 524 partiu do aeroporto de Curitiba as 19 horas…”
Isso ajuda a termos certeza que o nome dela é PT e não BD ou VP ( experimente falar estas 3 siglas e veja como elas se parecem… Imagine isso sendo dito em um rádio, skype ou telefone?)
Gostou? Quer aprender o alfabeto todo?
Faça como eu fiz:
- Use uma “cola” com os nomes de cada letra.
- A deixe em um lugar onde você sempre esteja, que sempre olhe, e treine falar usando o código.
- Visualize as palavras inteiras quando for soletrar e então faça ressaltar em sua mente, brilhar, cada letra. Aí é só “falar” seu nome segundo o alfabeto fonético.
Eu costumava brincar de soletrar com meus amigos usando o alfabeto, é bem mais difícil que uma brincadeira convencional de soletrar. Experimente!
E para te ajudar, vou deixar uma cola pronta em um arquivo PDF. Basta imprimir e deixar em algum lugar bastante visível a você.
Acesse o quadro abaixo e baixe a tabela com o alfabeto.
Espero que tenha gostado desta primeira dica de Turismo! Nos falaremos em breve!
excelente matéria, me ajudou muito. obrigada