Identificou sua necessidade? Então Viaje!
A cerca de dois meses eu escrevi aqui um artigo que pensei poder tornar-se polêmico mas que nunca imaginei tocar tantas pessoas – positiva e negativamente – como tocou. E fiquei feliz por isso.
Falei sobre a real necessidade de viajar.
Recebi e-mails e mensagens “in box” lindas e também bem assustadoras. Compartilhamentos de meu post com links para amigos dizendo “veja Fulana, era sobre isso que falávamos dia desses…” e outros comentando “já está difícil para todo mundo vender, aí aparece essa louca que se acha psicóloga e diz que as pessoas não devem viajar! Absurdo…” e por aí seguem os teores das mensagens.
Agradeço de verdade todo o carinho que recebi e agradeço também as críticas construtivas, de pessoas que entenderam de outra forma o que falei mas que vieram até mim expor seus pontos de vista, criando diálogos sensacionais, muito construtivos para todos e que me fizeram feliz.
É tempo para algumas informações também. Aos que agrediram esta ideia eu digo: lamento, mas não mudo o que disse pois é um relato de muitos anos de experiência na área e aqui, hoje, neste novo artigo, vou continuar o debate porém focando nos resultados que ele alcançou: as pessoas olharam para dentro de si mesmas. Estou totalmente satisfeita com isso.
Preparar-se para aproveitar uma viagem vai muito além de fazer as malas.
Então, agora você já sabe do que precisa?
No outro artigo, comentei sobre os passageiros que absorvem seus problemas cotidianos sem trabalhá-los. Alguns por não poderem livrar-se deles e outros por simplesmente tentarem fazer de conta que não existem.
Falei que eles carregam essas tristezas, e que quando procuram uma agência de viagens para planejarem suas férias buscam fuga ou uma solução milagrosa para o problema porém, ao retornarem a sua rotina após a tão esperada viagem, os problemas continuam.
E não somente isso… Muitas vezes durante as férias estes problemas tomaram todo o espaço, toda a alegria dos lugares lindos que foram visitados, que perderam completamente seu brilho pela amargura que estas pessoas carregam como parte de si mesmas.
É preciso libertar-se de tudo o que incomoda para poder apreciar a beleza que momentos como este flagram em uma viagem.
Isso não faz parte de você
Eu não anseio por resolver problemas destes passageiros no âmbito psicológico. Não tenho sequer formação para tal, mas isso não me impede de perceber essas aflições que ficam tão aparentes nestas pessoas como uma infiltração em uma parede. Ninguém precisa ser encanador para perceber isso mas muitas vezes o morador, todo dia olhando aquela parede não percebe a mancha, que só cresce.
Algumas das mensagens que recebi falavam de descobertas e do aperto no peito quando chega a época das férias. Falavam de tentarem ter momentos de paz com seus parceiros e não serem felizes ou nem ao menos satisfatórios. Outra pessoa me disse que em um cochilo a beira mar sonhou que o garçom que lhe trazia uma bebida era seu chefe trazendo o notebook.
Então, analisando as respostas ao post anterior, quais seriam as estratégias para não somente começar a mudar uma realidade desgastante como aproveitar melhor o tempo das férias, o seu merecido descanso?
Cores, aromas e sabores. Você precisa desfrutar de tudo com profundidade
Perceba que isso acontece com muita gente e não somente com você
Este é o primeiro passo para conseguir mudar as coisas. Talvez seja o primeiro passo para conseguir procurar ajuda.
A ajuda pode estar em diversos níveis: um psicólogo, um terapeuta alternativo, uma ONG de apoio a pessoas necessitadas, animais abandonados, hospitais, lares de passagem. Pode ser a construção de uma horta no quintal, azeitar a antiga máquina de costura e ressuscitar seu hobbie, encontrar seus amigos uma vez por semana para rirem juntos, inclusive das desgraças cotidianas.
São muitas as opções e nem sempre elas envolvem alto custo. É de extrema importância identificar o que te faz feliz e exercitar isso sempre. Não deixar para viver por apenas 30 dias no ano. É uma obrigação muito grande para as suas férias e justamente por isso, a chance de dar errado fica enorme.
Sonhar por anos em estar frente a algumas das maravilhas de nosso mundo deve ser um momento único, prepare-se para isso
Viajar deve ser uma opção que não pode ser encarada como a salvação
Cada pessoa tem uma forma de se libertar e é importante encontrar a sua. Quando eu falei no outro post sobre as pessoas gastarem muito dinheiro indo a lugares que não as satisfaziam, apenas por desejo de fuga, era da tal libertação que estava falando.
Antes de sair correndo, você precisa saber para onde ou do que está correndo. Sair sem destino só deu certo com Forrest Gump mas mesmo assim, ao final de tudo ele não sabia porque corria.
Não aposte todas as fichas da mudança em uma viagem, foi o que eu quis dizer. Antes de partir, faça uma profunda reflexão, com ajuda profissional ou não, identificando o que te amargura e então viaje. Viaje sabendo o que está deixando para trás e abrindo o coração para o que vem pela frente. Este tipo de viagem só pode dar certo e sou uma prova viva disso, veja um pouquinho da minha história aqui.
Sabia o que deveria fazer mas precisava mudar de realidade. Viajei e as coisas que aconteceram dali para frente me fizeram mudar radicalmente de planos…
As viagens que os outros querem que façamos… Seriam mesmo as viagens que queremos?
Outra questão que comentei foi sobre viagens com apelo social, aquela que inconscientemente nos vemos desejando ou nos sentimos obrigados a ter em nossos currículos por pressão de outras pessoas. Quando expliquei isso citei a Disney e não por acreditar que seja um destino comum ou bobo – como algumas pessoas julgaram que eu disse – e sim por um exemplo que tive como agente.
Meu passageiro estava a muito tempo planejando uma viagem pelo Brasil e foi lembrado pela esposa, quando estava em processo de fechamento do pacote, que todos os coleguinhas do filho tinham ido a Disney e ele sofria bullying na escola por conta disso. Ele disse: detesto parque temático mas vamos lá fazer esse esforço né…
Eles não tinham perfil de Disney, são um casal aventureiro, possuem um veículo 4×4 e amam paisagens naturais, fizeram as mais lindas fotos da Carretera Austral (Chile) que já vi e com certeza não iriam gostar da Disney mas eles precisavam levar o filho.
Neste ponto eu me perguntei: seriam estes valores, que esta escola e colegas ensinam a criança que vocês dois, pais tão alternativos e tão despojados de questões materiais, querem mesmo para seu filho?
Será que ao invés de ceder a esta pressão dos colegas não seria melhor buscar uma escola onde isso fosse mais sutil? Ficamos falando de deixar um mundo melhor para as nossas crianças mas será que estamos deixando boas crianças para esse mundo maravilhoso que queremos criar?
Estar ao lado dos que amamos em nossas viagens deve ser gratificante e revigorante, cuide disso
É lógico que acho a Disney um destino sensacional!
Inclusive já mencionei o ponto que mais me admira nela que é a estrutura administrativa e marketing dos parques neste post do ano passado. A considero um dos destinos mais completos para a família porém, uma coisa que aprendi a identificar ao longo destes anos de trabalho chama-se perfil de cliente.
Existe um bom cliente para cada ótimo destino que conhecemos, e sempre, para um cliente mal analisado pelo agente existirá um destino espetacular que ele vai odiar, e irá contar isso para todos os seus amigos destruindo a reputação de um consultor de viagens.
Uma dica aos agentes de viagem: Nunca generalizem nada
Canadá não é perfeito para todos (embora eu ame!), Grécia não é o sonho de todo mundo (é o meu!), assim como tem gente que paga 17 euros para entrar no Vrolic Museum em Amsterdam e acha lindo (essa eu passo)… Repito: sempre existe um destino incrível para cada passageiro porém, a habilidade de identificar isso por parte do agente é um trabalho demorado, minucioso e poucos desenvolvem este talento.
Cada passageiro possui um motivo pequeno e um projeto enorme que o leva a cada destino
E outra dica aos passageiros: existe uma diferença entre o agente de viagens e o “pacoteiro”
O primeiro é capacitado a atender e entender o passageiro e o segundo se torna expert no que o sistema de reservas disponibiliza para venda online.
Aqui retornamos ao tema do antigo post: passageiros que procuram uma agência com a tal amargura precisam de alguém que lhes faça compreender que a viagem pode não ser a solução de seus problemas mas, se ela for o caminho para esta solução, o bom agente saberá identificar o lugar perfeito para que o passageiro sinta-se confortável dentro deste momento que está vivendo. E estes lugares podem ser sim, na Tailândia, no Ceará, no Atacama ou na Ilha do Mel. Todo lugar se torna especial quando temos um “norte” em nossa busca pessoal.
O bom agente é antes de um viajante apaixonado um eterno estudante de história, filosofia, religião, política, arte… E deve ser assim.
Era sobre isso, o tempo todo, que eu falava: leveza de espírito.
Que cada viagem seja para você um caminho para esse estágio de consciência mas lembre-se que antes de viajar você precisa se analisar. Busque a mudança, localize alternativas que possam melhorar sua vida, crie projetos, pense em estratégias e saídas e então viaje. Tenha certeza de que com este primeiro “norte”, as boas conclusões virão enquanto você se desliga de sua realidade e sem dúvida, a viagem valerá a pena.
Viaje sempre e muito e traga cada vez mais ideias. Qualquer lugar pode ser perfeito, qualquer destino pode ser mágico, se você puder se sentir feliz nele.
Como me disseram em uma das mensagens, no antigo post “viajar é ver o mundo com os olhos de uma criança”
O que você precisa mudar em sua vida?
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